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Promotor denuncia tesoureiro do PT e outros 5 por fraude no Bancoop

19/10/2010

O promotor de Justiça José Carlos Blat ofereceu nesta terça-feira, 19/10, denúncia à 5ª Vara Criminal da capital contra o tesoureito do PT e ex-presidente da Cooperativa dos Bancários do Estado de São Paulo (Bancoop) João Vaccari Neto, além de outros 5 dirigentes, por gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

O anúncio aconteceu durante reunião da CPI da Bancoop, na Assembleia Legislativa, na manha do dia 19. A CPI foi criada para apurar supostas irregularidades e fraudes que teriam sido praticadas pela entidade contra cooperados.

O promotor foi convidado a participar da CPI para fazer um resumo da apuração de irregularidades comandada por ele no Ministério Público.

Blat afirmou que a apuração aponta para a continuidade da investigação na esfera criminal. Ele foi enfático ao dizer que "a cooperativa acabou servindo a um pequeno grupo criminosos, e não aos seus milhares de cooperados. A falta de recursos da Bancoop se deve única e exclusivamente aos desvios fraudulentos", disse Blat. Inquirido pelo deputado Ricardo Montoro, o promotor disse não acreditar que há possibilidade de reversão do prejuízo aos mutuários.

O promotor colocou sobre nova perspectiva o rombo na Bancoop cuja dívida se aproxima dos R$ 90 milhões. A diretora da Cooperativa, Ana Maria Érnica, que também foi denunciada pelo promotor, havia dito à Comissão, que a cooperativa havia resgatado os R$ 39,7 milhões integralizados através do Fidc - Fundo de Investimento em Direitos Creditórios, constituído em 2004, para injetar dinheiro no caixa da cooperativa.

O promotor confirma que o resgate de fato aconteceu, no entanto, conta que a Cooperativa tomou emprestados recursos que somam cerca de R$ 45 milhões de outras empresas que validaram a operação de resgate e cujos nomes estão protegidos por uma cláusula contratual de confidencialidade e não podem ser divulgados.


Fórmula 1

Segundo Blat, as investigações apuraram uso indevido do dinheiro dos cooperados em diversas ocasiões. Uma delas foi no pagamento de despesas para que pessoas assistissem ao Grande Prêmio de Fórmula - 1, em 2004 e 2005. Gastaram nos dois anos R$ 100 mil.

"O problema todo está aí. Enquanto os mutuários já pagaram os seus imóveis e continuam sem tê-los, o dinheiro era utilizado desta maneira", disse o deputado Ricardo Montoro.


Negócios escusos

Empresas contratadas pela Bancoop teriam dado margem a negócios que Blat definiu como escusos. Ele afirmou que a empreiteira Germany recebeu por trabalhos para a cooperativa cerca de 80 milhões de reais, mas a análise da movimentação da empresa revela que ela teria movimentado não mais que 35 milhões, o que, segundo ele, indica a criação de caixa dois. O mesmo procedimento foi apontado por Blat na contratação da empresa Mirante Artefatos de Concreto, contratada pela Bancoop para fornecer blocos. A cooperativa pagou para a empresa R$ 4 milhões.

"O fato de a Fator Empreendimentos ter comprado um terreno por 221 mil reais em 2001 e revendido para a Bancoop em outubro de 2002 por 1,750 milhão de reais também demonstra a cooptação de empresas interessadas", concluiu Blat.

A investigação do Ministério Público começou em 2007, a partir de denúncia de um morador do empreendimento Torres da Mooca. Blat revelou que a partir desse período o inquérito policial somou mais de 25 volumes.

A CPI da Bancoop é presidida pelo deputado Samuel Moreira (PSDB). Além dele, participaram da reunião Celso Giglio, Bruno Covas e Ricardo Montoro (os três do PSDB), os deputados do PT Vicente Cândido, Vanderlei Siraque e Antonio Mentor, Roberto Morais (PPS), Estevam Galvão (DEM) e Chico Sardelli (PV).




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